Esvaziar o copo
Muitos anseiam por algo mais. Mas dificilmente nos damos conta de que somos como um copo já repleto que, mesmo que recebesse este “algo mais” tão desejado, transbordaria justamente por já estar cheio em demasia. Mesmo que “caísse do céu” o que queremos, isso seria completamente derramado pois ignoramos a necessidade fundamental de esvaziarmos nosso copo antes de querer receber o tal “algo a mais”.
De que está cheio o nosso copo então? O seu eu não sei, mas o meu já esteve repleto de ansiedade, soberba, culpas, medos, arrogância, lealdades invisíveis, ganância, egoísmo, prazeres fúteis e ilusões. Impossível que qualquer coisa de real valor pudesse entrar nesse meu copo, mesmo que estivesse se esfregando na minha cara, com todo um monte de tralhas ocupando o lugar de coisas de muito maior valor, que eu preferia manter do lado de fora.
E o que são todas essas tralhas inundando nossos copos senão um grande nada, um enorme vazio que nunca se basta? Enchemo-nos de uma montanha de inutilidades mentais, de uma represa de ausência.
Esvazie o seu copo.
Se dentro do seu copo só há coisas boas, você não teria essa sensação de que algo ainda lhe falta.
Esvazie o seu copo.
Se você acha que o que há dentro dele é tão importante assim, então por que você ainda sofre?
Esvazie o seu copo.
Nada de bom pode entrar se o ruim não sair.
Esvazie o seu copo.
Esvazie por completo, até o fundo. Lá você vai perceber que existe uma fonte, que jorra abundantemente e de forma inesgotável.
Esvazie o seu copo.
Lá no fundinho é que está a fonte que jorra tudo aquilo que você perseguia fora de ti mesmo.
Esvazie o seu copo.
Preencha-o agora com a sua própria fonte interna que jorra abundantemente tudo o que há de importância e de valor.
Transborde a tua fonte interna.
Pare de mendigar o “algo a mais” lá de fora. Inunde o mundo com a sua fonte inesgotável e inabalável de felicidade e amor.
Leonardo Lourenço
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